1183
Visualizações
Acesso aberto Revisado por pares
Artigo Original

Estresse parental em mães de bebês, crianças e adolescentes com queimadura

Parental stress in mothers of babies, children and adolescent with burning

Amanda Lohanny Sousa Campos1; Ricardo Picollo Daher2; Alex Carrér Borges Dias3

RESUMO

OBJETIVO: Avaliar a prevalência de estresse parental de maes de filhos queimados em tratamento no Pronto Socorro para Queimaduras de Goiânia, GO.
MÉTODO: Participaram 53 maes de bebês, crianças e/ou adolescentes queimados que responderam o Questionário Sociodemográfico, o Questionário de Classificaçao Econômica da Associaçao Brasileira de Empresas de Pesquisa e o Indice de Estresse Parental na forma curta (PSI/SF). Foram incluídas maes acima de 18 anos, com filhos queimados de zero a 18 anos, e que estavam em tratamento na instituiçao. Foram excluídas as maes que possuíam alguma doença concomitante, e as que tinham mais de um filho queimado. A análise estatística foi realizada considerando um intervalo de confiança de 95% e um nível de significância de 5% (p<0,05).
RESULTADOS: A maior prevalência de queimaduras foi de segundo grau (43,4%), com porcentagem de até 5% do corpo queimado (52,8%), sendo que o ferro quente foi o principal agente causador (45,3%). De acordo com os níveis de estresse das maes em cada subescala e pontuaçao total do questionário PSI/SF, verificou-se que 34% das maes possuíam estresse na subescala sofrimento parental. Porém, a subescala criança difícil foi relatada por 30,2% das genitoras. As variáveis que interferiram significativamente no nível do estresse parental foram: escolaridade da mae e do filho, agente da queimadura, dados socioeconômicos e atividades de lazer.
CONCLUSOES: As subescalas criança difícil e o sofrimento parental sao os principais fatores relacionados à influência do estresse parental no âmbito sociodemográfico e familiar das maes que tinham filhos em tratamento de queimadura.

Palavras-chave: Estresse Fisiológico. Queimaduras. Criança. Adolescente. Relações Mãe-Filho.

ABSTRACT

OBJECTIVE: To measure the prevalence of parental stress of mothers of burned children who do treatment in Pronto Socorro para Queimaduras de Goiânia, GO.
METHODS: Participated 53 mothers of babies, children and/or adolescent who answered the Sociodemographic Questionnaire, the Questionnaire of Economic Classification of Associaçao Brasileira de Empresas de Pesquisa and the Parental Stress Index in the short form (PSI / SF). In total mothers over 18 years with burned children among 0-18 years were included, who were treated at the institution. Mothers were excluded if they had any concomitant illness, and who had more than one child burned. Statistical analysis was performed considering a 95% confidence interval and a significance level of 5% (p<0.05).
RESULTS: The most prevalent were 2nd grade burns (43.4%), a percentage of up to 5% of burnt body (52.8%), and the hot iron was the main causative agent (45.3%). According to the stress levels of mothers in each subscale and total score of the PSI / SF questionnaire, it was found that 34% of mothers had stress subscale parental suffering. But the subscale difficult child was reported by 30.2% of the progenitors. The variables that significantly interfered with parenting stress level were: education of the mother and child, burning agent, socioeconomic data and leisure activities.
CONCLUSION: Subscales difficult child and parental distress are the main factors related to the influence of parental stress in the sociodemographic and family context of mothers who have children in burn treatment.

Keywords: Stress, Physiological. Burns. Child. Adolescent. Mother-Child Relations.

INTRODUÇAO

Queimadura é uma lesao na pele com aspecto de ferida traumática causada por agentes químicos, térmicos, elétricos, radioativos ou pelo atrito que pode acometer órgaos adjacentes, sendo sua prevalência maior em cozinhas residenciais. Desse modo, os principais fatores de risco de queimadura na criança e no jovem sao: negligência familiar, líquidos e comidas quentes, uso de velas e fósforos, costumes locais (festas juninas) e violência1 em famílias de baixa renda2.

Quando a queimadura afeta o filho, ocorrem alteraçoes no sistema familiar, desorganizando e provocando reaçoes negativas. Nesse contexto, a família se vê obrigada a se reorganizar para nao sofrer os efeitos do estresse3. O estresse é uma reaçao do organismo perante situaçoes que exigem muita prudência, cautela e disposiçao, podendo provocar efeitos nocivos à saúde física e mental da pessoa4.

O estresse parental é o termo utilizado para descrever o estresse decorrente da funçao da relaçao do genitor com o filho durante a sua criaçao, sendo que o nível deste estresse é afetado pelos fatores pessoais, socioeconômicos, vínculo afetivo e contexto cultural5,6.

Nesse cenário, a família experimenta o trauma por meio do sofrimento do filho, sendo que em alguns casos pode nao conseguir fornecer o apoio emocional necessário para si mesma e nem para a criança3.

Frequentemente, a mulher se torna responsável pela saúde de sua família, principalmente a de seus filhos. Por conseguinte, a mae se torna mais vulnerável ao estresse parental e problemas de saúde, dada a sobrecarga que recebe pela sua funçao familiar2.

Sendo assim, o objetivo deste estudo consistiu em avaliar a prevalência de estresse parental de maes de filhos queimados que fazem tratamento no Pronto Socorro para Queimaduras (PSQ) de Goiânia, GO.


MÉTODO

Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa, do tipo transversal realizado no PSQ de Goiânia, uma instituiçao vinculada ao Sistema Unico de Saúde, no qual participaram 53 maes de bebês, crianças e/ou adolescentes queimados. Os critérios de inclusao do estudo foram: maes de bebês (2 meses até 2 anos), crianças (3 a 12 anos) e/ou adolescentes (13 a 18 anos), com filhos de ambos os sexos, independentemente do grau de queimadura, e que se encontravam em atendimento no PSQ.

Os critérios de exclusao foram: maes com idade inferior a 18 anos; com mais de um filho que sofreu queimaduras; com hipertensao arterial, cardiopatias, nefropatia, diabetes, afecçoes ortopédicas, neoplasias malignas, moléstias infecciosas e doenças cronicodegenerativas; que nao acompanham seu filho nos atendimentos. Esses critérios foram escolhidos baseados no aumento do estresse que pode repercutir sobre os responsáveis, sendo esses nao relacionados com a condiçao do filho. Este estudo foi realizado de acordo com as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas envolvendo seres humanos (Resoluçao 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde), foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Goiás (CAAE 55495816.5.0000.5083) e todas as participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

A coleta de dados foi realizada em uma sala individual, com a presença de um pesquisador responsável, em que as maes responderam os instrumentos utilizados no estudo. Vale salientar que durante as respostas nao houve interferência do pesquisador, estando lá apenas para esclarecer quaisquer dúvidas acerca do estudo. Os instrumentos utilizados foram o Questionário Sociodemográfico, o Questionário de Classificaçao Econômica da Associaçao Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP), e o Indice de Estresse Parental na forma curta (Pareting Stress Index Short Form- PSI/SF). 

O Questionário Sociodemográfico foi desenvolvido com o propósito de ser utilizado apenas no presente estudo, com o objetivo de traçar o perfil da amostra, e consta de dados referentes a: idade, grau de escolaridade, estado civil, presença de doenças associadas, atividade laboral, carga horária de trabalho semanal, renda mensal familiar, transporte utilizado, lazer, a idade do jovem com queimadura, grau da queimadura, tipo de queimadura, se o filho estuda, tipo de moradia, e o emprego do pai do jovem que sofreu queimaduras.

A ABEP criou o Critério de Classificaçao Econômica em 2003, no qual ele é aplicado sobre o Questionário de Classificaçao Econômica ABEP. Esse questionário tem o objetivo de estimar o poder aquisitivo e classificar o nível socioeconômico das famílias. Sua composiçao se dá por três questoes gerais que, quando somadas, indicam a qual das seis classes aquela família pertence (Classes A1, A2, B1, B2, C1, C2 e D-E)7.

O Indice de Estresse Parental na forma curta (Pareting Stress Index Short Form- PSI/SF) é um instrumento aplicado aos pais (mae/pai) com o intuito de mensurar a intensidade do estresse presente na relaçao pai/filho ou mae/filho, identificando as principais fontes de estresse advindas dessa relaçao.

O questionário é composto por 36 itens subdivididos em três subescalas: "sofrimento parental", "interaçao disfuncional genitor-criança" e "criança difícil". Cada subescala tem 12 itens pontuados de 1 a 5 (1 como "discordo totalmente" e 5 como "concordo totalmente").

A subescala "sofrimento parental" aborda a angústia dos pais, as necessidades, a restriçao perante a sociedade e a dedicaçao aos filhos; a subescala "interaçao disfuncional genitor-criança" aborda as expectativas dos pais sobre o filho; a subescala "criança difícil" diz respeito aos problemas comportamentais do filho e o impacto deles sobre seus genitores.

A soma total de pontos define o escore total, podendo variar de 36 a 180 pontos, em que sao considerados valores altos, necessitando de intervençao os escores que estiverem acima de 33 (sofrimento parental), 28 (interaçoes disfuncionais pai-criança), 37 (criança difícil) e 94 (pontuaçao total)5,8.

A análise dos dados foi realizada pelo software estatístico Statistical Package for the Social Science (SPSS), versao 20.0. As variáveis quantitativas foram apresentadas em números absolutos, médias e desvios padrao. A distribuiçao dessas variáveis foi analisada pelo teste Kolmogorov Smirnov. As variáveis qualitativas foram apresentadas em números absolutos e proporçoes. Para a análise de correlaçoes, foram utilizados Indice de correlaçao de Pearson ou Spearman, de acordo como se apresentaram os dados. Em toda análise foi considerado um intervalo de confiança de 95% e um nível de significância de 5% (p<0,05) e de coeficiente de correlaçao r=0,7 (correlaçao estatística forte); 0,3 < r > 0 (correlaçao muito fraca); r=0 (variáveis independentes, sem correlaçao).


RESULTADOS

No presente estudo, o grupo de maes que participaram do estudo foi dividido em quatro faixas etárias, dividindo-as entre 18 a 29 anos (35,8%), 30 a 39 anos (37,7%), 40 a 49 anos (22,6%) e 50 anos ou mais (3,7%). Os filhos também foram classificados, de modo que 24 (45,3%) eram bebês e 29 (54,1%) adolescentes.

No que diz respeito à quantidade de filhos que cada mulher possuía a mais que a vítima de queimadura, 15 (28,3%) delas têm apenas um, 27 (50,9%) com dois filhos, e 11 (20,8%) com três ou mais filhos. Sendo o filho participante representado como filho único em 14 (26,4%) das entrevistas, e naquelas maes com mais de um filho, 21 (39,8%) era o filho mais novo, sendo que a maior prevalência foi de participantes do sexo masculino (62,3%).

Os percentuais de 69,8% de maes relataram viverem com o pai da criança e 81,1% informaram que o companheiro ajuda na criaçao do filho nos aspectos econômicos e psicossociais. Em relaçao aos antecedentes patológicos das maes, 45 (84,9%) nao possuíam, duas (3,8%) relataram hipertensao, duas (3,8%) tiveram doenças infecciosas, duas (3,8%) encontram-se com doenças crônico-degenerativas, uma (1,9%) relatou diabetes mellitus e uma (1,9%) informou ter depressao.

No que concerne à profissao das maes, 34 (64,2%) trabalham em empregos formais, em contrapartida às 17 (32,1%) que eram donas de casa e duas (3,8%) encontravam-se em empregos informais. As demais variáveis identificadas no Questionário Sociodemográfico encontram-se na Tabela 1.




A classificaçao da ABEP divide a populaçao brasileira em seis classes econômicas. Diante disso, foi possível verificar maior prevalência de maes que pertenciam às classes C1 (34,0%) e C2 (30,2%), seguida por B2 (18,9%) e B1 (7,5%). As classes A (1,9%) e D-E (7,5%) indicaram as menores frequências.

Em relaçao aos dados sobre a queimadura do filho, a maior prevalência foi de queimaduras do terceiro grau somente (47,1%), com porcentagem de até 5% do corpo queimado (52,8%), sendo que o ferro quente (45,3%) foi o principal agente causador. Neste âmbito, os dados referentes à queimadura estao discorridos na Tabela 2.




De acordo com os níveis de estresse das maes em cada subescala do questionário PSI/SF com faixa etária do filho, foi apurado que 33,3% dessas mulheres continham estresse na subescala sofrimento parental. No entanto, é observável a mudança referente à prevalência de estresse parental nelas, pois quando se tem uma criança, 36,4% tinham esse tipo de estrese na subescala criança difícil.

Entre os adolescentes, foram obtidos valores homogêneos em todas as categorias. Verificou-se também que na pontuaçao total do mesmo instrumento, 34% das maes possuíam estresse na subescala sofrimento parental. Já a subescala criança difícil foi relatada por 26,4% das genitoras. A menor prevalência de estresse parental esteve presente na subescala interaçao disfuncional com 22,6%. Esses dados e os demais estao expostos na Tabela 3.




Nao foram obtidos resultados significativos que relacionassem o estresse com a porcentagem do corpo queimado e o tipo de queimadura. Portanto, as variáveis que interferiram significativamente no nível do estresse parental foram: escolaridade da mae e do filho, agente da queimadura, quantidade de residentes, carga horária semanal, atividades de lazer e presença de um companheiro empregado. Os resultados das correlaçoes estao apresentados na Tabela 4.




DISCUSSAO

Quando um ambiente familiar é constituído pelo casamento, acontece uma divisao espontânea das açoes, afazeres e assuntos familiares. Deste modo, há uma prevalência da mae atuar como responsável pela saúde dos familiares, sendo que um filho vítima de queimadura desperta o sentimento maternal e a necessidade de dedicaçao exclusiva ao tratamento do jovem, desempenhando seu papel como principal cuidadora do filho9.

Nesse contexto, a mae somatiza os problemas pessoais, familiares e do filho em si por conta da situaçao que ambos vivenciam9, sendo que o cuidado de uma criança ou adolescente que sofreu queimaduras pode gerar e/ou aumentar o estresse parental em sua mae. Foi verificado que os aspectos socioeconômicos10, comportamento do filho11 e o tipo de agente da queimadura sao fatores que irao interferir diretamente no estresse parental12. Dentre eles, o agente térmico é o principal causador de queimaduras, seguido pelos agentes químicos12,13.

O nível de estresse parental também pode se elevar nos casos em que a renda familiar precária está associada a uma elevada quantidade de residentes, principalmente de muitos filhos2,14. Nesse ambiente acontece uma piora em qualidade e desestabilizaçao do ambiente familiar por causa das alteraçoes físicas e emocionais ocasionadas pelo aumento do estresse parental nas maes. Este fator se intensifica ainda mais em famílias com um filho difícil de lidar e que se comporta inadequadamente. Portanto, isso reflete na forma como a parentalidade será exercida perante tal situaçao sobre os efeitos do estresse parental14.

A partir do momento que a mae tem uma criança, ela imagina o seu desenvolvimento nos primeiros anos de vida. A proporçao que o filho cresce, as expectativas sao criadas e sao desenvolvidas de acordo com o que a família proporciona e pelas respostas apresentadas por ele. Por isso, quando algum fato traumatizante ocorre, essas mulheres tendem a se preocupar com o futuro do filho, inclusive podem perder algumas das suas expectativas por conta do ocorrido13,14.

Esses achados corroboraram com os resultados encontrados no estudo, que verificou correlaçao significativa e influência direta do nível de escolaridade sobre o estresse parental, na subescala disfunçao genitor-criança. Essa correlaçao ocorre em decorrência da visao negativa que as maes adquirem em relaçao ao futuro de seu filho após o acidente e a falta de compreensao sobre como elas poderiam ser ajudadas nessa situaçao14.

Resultados semelhantes à nossa pesquisa foram encontrados em um estudo que utilizou o PSI, e nao verificou associaçao entre o nível de estresse e a extensao da queimadura, porém identificou a presença do sentimento de culpa das maes, devido à condiçao do filho. O sentimento de culpa está relacionado ao fato das maes sentirem-se incapazes de impedir ou diminuir a extensao do acidente15.

O estresse parental mais elevado de maes com filhos adolescentes queimados se justifica pelo fato da adolescência ser marcada por diversas alteraçoes físicas e emocionais, que afetam o comportamento do jovem. Soma-se a isso o fato da queimadura, e teremos um jovem que, além das alteraçoes decorrentes do processo de transiçao para a vida adulta, apresenta sequelas decorrentes de um evento traumático, alterando ainda mais seu comportamento, e aumentado os níveis de estresse parental da mae16.

A rotina de tratamento ou internaçao em um hospital provoca desestabilizaçao na família do paciente. O estado de saúde do filho torna-o mais dependente, causando ansiedade, e sentimento de ineficiência do papel de mae perante o ocorrido. Esses fatores levam a mae a se dedicar menos tempo ao seu trabalho e as suas atividades de lazer17.

Em decorrência disto, é necessário a reduçao da jornada de trabalho, ou mesmo a demissao dessas mulheres em prol dos cuidados do filho. Ao diminuir sua carga horária dedicada ao trabalho, há diminuiçao dos recursos financeiros para renda familiar e para custear as consultas, procedimentos e medicamentos para o filho13,18. Portanto, a reduçao da renda familiar e a escassez de tempo para as atividades de lazer corroboram com o estresse parental17,19. Por isso, as famílias em que o cônjuge está empregado apresentam menores níveis de estresse parental18.

O apoio emocional e físico da mae perante o tratamento do filho é de extrema importância na melhora do prognóstico dele, auxiliando concomitantemente na melhor adaptaçao familiar, devido à genitora ter contato com a equipe do hospital. Portanto, um tratamento humanizado com explicaçoes sobre a queimadura e terapia psicológicas para os familiares contribui positivamente sobre parentes da vítima e reduz o estresse parental nas maes decorrentes da rotina de tratamento, quando elas se sentem satisfeitas ao verem o cuidado e a dignidade que seu filho recebe3,20. Desse modo, os resultados abordados verificaram que as algumas maes apresentaram estresse em níveis elevados, potencializando-as a desenvolverem os sintomas do estresse quando estes valores estiverem em intensidades elevadas.

Porém, a amostra do estudo foi um fator limitante, pois um número mais expressivo de voluntárias corroboraria com resultados mais significativos entre os fatores relacionados à queimadura e ao estresse parental. Ressalta-se que o número limitado de participantes do estudo se deu pelo excesso de burocracia de algumas instituiçoes de saúde, que nao autorizaram a coleta de dados em tempo hábil. 

Outro fator observado foi a influência que o tempo de queimadura do jovem pode ter tido sobre os resultados, uma vez que participaram do estudo tanto maes de filhos queimados há um dia quanto maes de filhos queimados há oito meses.


CONCLUSAO

Destaca-se que os fatores sociodemográficos influenciaram a prevalência de estresse parental em maes de filhos queimados que realizam tratamento no PSQ de Goiânia, GO. Este achado contrapoe à hipótese previamente levantada, de que a extensao e o grau da queimadura poderiam estar diretamente relacionados com maior prevalência deste tipo de estresse. Por conseguinte, dentre o estresse parental avaliado pelo PSI/SF, houve maior prevalência nas subescalas a criança difícil e o sofrimento parental, em que os principais fatores relacionados à elevaçao desse estresse foram o âmbito sociodemográfico e familiar das maes.

Sendo assim, a realizaçao deste estudo mostrou a necessidade de novas pesquisas que abordem este assunto e auxiliem na reduçao do estresse parental nessas maes. Pela compreensao sobre os efeitos desse tipo de estresse sobre a pessoa, pode se incentivar e utilizar subsídios para nortear políticas públicas de intervençao nos hospitais, com o objetivo de os profissionais da saúde informarem, alertarem a populaçao sobre as repercussoes que a queimadura pode trazer nao só para a vítima, mas também para todo seu contexto familiar, como também orientá-los sobre os melhores cuidados para com a queimadura.


REFERENCIAS

1. Kemp AM, Jones S, Lawson Z, Maguire SA. Patterns of burns and scalds in children. Arch Dis Child. 2014;99(4):316-21.

2. Farah ACF, Back IC, Pereima ML. Análise das internaçoes por causas externas nao intencionais em menores de 15 anos em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Rev Bras Queimaduras. 2015;14(4):273-8.

3. Oliveira VV, Fonseca AS, Leite MTS, Santos LS, Fonseca ADG, Ohara CVS. Vivência dos pais no enfrentamento da situaçao de queimaduras em um filho. Rev Rene. 2015;16(2):201-9.

4. Kemeny ME, Schedlowski M. Understanding the interaction between psychosocial stress and immune-related diseases: a stepwise progression. Brain Behav Immun. 2007;21(8):1009-18.

5. Park H, Walton-Moss B. Parenting style, parenting stress, and children's health-related behaviors. J Dev Behav Pediatr. 2012;33(6):495-503.

6. Ardoino GI, Queirolo EI, Barg G, Ciccariello DA, Kordas K. The relationship among depression, parenting stress, and partner support in low-income women from Montevideo, Uruguay. Health Care Women Int. 2015;36(4):392-408.

7. ABEP. Associaçao Brasileira de Empresas de Pesquisa. Critério de classificaçao Econômica Brasil. 2015. [acesso 2015 Ago 28]. Disponível em: http://www.abep.org/criterio-brasil

8. Loyd BH, Abidin RR. Revision of the Parenting Stress Index. J Pediatr Psychol. 1985;10(2):169-77.

9. Pan R, Egberts MR, Nascimento LC, Rossi LA, Vandermeulen E, Geenen R, et al. Health-Related Quality of Life in adolescent survivors of burns: Agreement on self-reported and mothers' and fathers' perspectives. Burns. 2015;41(5):1107-13.

10. Vendrusculo TM, Balieiro CRB, Echevarría-Guanilo ME, Farina Junior JA, Rossi LA. Queimaduras em ambiente doméstico: características e circunstâncias do acidente. Rev Latino-Am Enfermagem. 2010;18(3):444-51.

11. Wagner SL, Cepeda I, Krieger D, Maggi S, D'Angiulli A, Weinberg J, at al. Higher cortisol is associated with poorer executive functioning in preschool children: The role of parenting stress, parent coping and quality of daycare. Child Neuropsychol. 2016;22(7):853-69.

12. Phillips C, Rumsey N. Considerations for the provision of psychosocial services for families following paediatric burn injury--a quantitative study. Burns. 2008;34(1):56-62.

13. Bakker A, van der Heijden PG, van Son MJ, van de Schoot R, Vandermeulen E, Helsen A, et al. The relationship between behavioural problems in preschool children and parental distress after a paediatric burn event. Eur Child Adolesc Psychiatry. 2014;23(9):813-22.

14. Rossi LA. O processo de cuidar da pessoa que sofreu queimaduras: significado cultural atribuído por familiares. Rev Esc Enferm USP. 2001;35(4):336-45.

15. Blakeney P, Moore P, Broemeling L, Hunt R, Herndon DN, Robson M. Parental stress as a cause and effect of pediatric burn injury. J Burn Care Rehabil. 1993;14(1):73-9.

16. Prinzie P, Onghena P, Hellinckx W, Grietens H, Ghesquière P, Colpin H. Parent and child personality characteristics as predictors of negative discipline and externalizing problem behaviour in children. Eur J Pers. 2004;18(2):73-102.

17. Campos GRP, Passos MAN. Sentimentos da equipe de enfermagem decorrentes do trabalho com crianças em uma unidade de queimados. Rev Bras Queimaduras. 2016;15(1):35-41.

18. Bakker A, Van Loey NE, Van Son MJ, Van der Heijden PG. Brief report: mothers' long-term posttraumatic stress symptoms following a burn event of their child. J Pediatr Psychol. 2010;35(6):656-61.

19. Vieira V, Silveira LC, Vieira ML, Prado AB. Investimento materno e história reprodutiva de maes residentes em contextos com diferentes graus de urbanizaçao. Psic Teor Pesq. 2010;26(2):331-40.

20. Egberts MR, van de Schoot R, Geenen R, Van Loey NE. Parents' posttraumatic stress after burns in their school-aged child: A prospective study. Health Psychol. 2016 Dec 8. [Epub ahead of print]









Recebido em 3 de Janeiro de 2017.
Aceito em 8 de Fevereiro de 2017.

Local de realização do trabalho: Universidade Estadual de Goiás, Goiânia, GO, Brasil.

Conflito de interesses: Os autores declaram não haver.


© 2024 Todos os Direitos Reservados