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Artigo Original

Avaliação do conhecimento e promoção da conscientização acerca da prevenção de queimaduras na população de Fortaleza - CE

Assessment of knowledge and awareness promotion on the prevention of burns population of Fortaleza - CE

Edmar Maciel Lima Júnior1; Maria Cira de Abreu Melo2; Círnia Cabral Alves3; Eline Pereira Alves3; Ezequiel Aguiar Parente3; Guilherme Emilio Ferreira3

RESUMO

OBJETIVO: Analisar o grau de conhecimento da populaçao de Fortaleza acercados riscos de queimaduras, caracterizando-os, a fim de promover uma conscientizaçao sobre o assunto.
MÉTODO: Estudo quantitativo, transversal, realizado no Instituto Dr. José Frota (IJF), durante o Dia Nacional de Prevençao de Queimaduras (6 de junho) no ano de 2014. A amostra foi formada por indivíduos presentes na recepçao do hospital, os quais responderam a um questionário que abordava questoes de prevençao e risco. A pesquisa foi aprovada pela Plataforma Brasil, no Comitê de ética e Pesquisa do Centro Universitário Christus (Unichristus), e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TLCE).
RESULTADOS: A amostra foi composta por 80 participantes; 48(60%) deles sao pessoas do sexo feminino. O grupo dos analfabetos foi composto por 6,3%; 32,6% possuíam ensino fundamental; 45,1%, o ensino médio e 16,3%, o ensino superior. Trinta por cento exerciam alguma profissao considerada de risco pelo presente estudo. Dos entrevistados, 57,5% já tinham sofrido alguma queimadura, sendo as queimaduras térmicas as mais prevalentes, com 80,7%, seguidas pelas químicas com 10,5%, elétricas com 7,8% e queimaduras por radiaçao com 1,8%. Aproximadamente metade (51,2%) afirmou tomar uma atitude considerada incorreta diante de uma queimadura. Entre os fatores de risco para as queimaduras analisadas, o único que mostrou mais risco que segurança, isto é, mais da metade dos entrevistados realizavam, foi o uso de extensoes ou pinos T's (81,3%), demonstrando ser uma prática comum.
CONCLUSOES: Apesar de muitos participantes terem-se mostrado informados, é notável a necessidade de haver mais campanhas informativas, a fim de diminuírem os fatores de risco e de se quebraremos costumes ineficazes em relaçao à conduta popular das queimaduras (pasta de dente, manteiga etc). Mais estudos com amostras maiores devem ser feitos, a fim de se ter resultados mais representativos e, assim, medidas mais eficazes nos pontos deficitários encontrados.

Palavras-chave: Queimaduras. Prevenção Primária. Fatores de Risco.

ABSTRACT

PURPOSE: To analyze the degree of knowledge of the population of Fortaleza on the risk of burns, characterizing them in order to promote awareness of the issue.
METHOD: A quantitative, cross-sectional study conducted at the Institute Dr. José Frota (IJF) during the National Day to Prevent Burns (June 6) in the year 2014. The sample was comprised of individuals present at the reception of the hospital, which answered a questionnaire that addressed issues of prevention and risk. The study was approved by Brazil Platform in the University Center Christus (UniChristus) Research Ethics Committee and all participants signed a consent form (TLCE).
RESULTS: The sample consisted of 80 participants, 48 people (60%) were female. The group was composed of illiterate by 6.3%, 32.6% had primary education, 45.1% high school and 16.3% higher education. Thirty percent had some sort of risk profession considered by this study. Of the respondents, 57.5% of respondents had already suffered some burns, being most prevalent thermal burns, with 80.7%, followed by 10.5% with chemical, electrical with 7.8% and 1 with radiation burns 8%. Approximately half (51.2%) reported taking action deemed improper before a burn. Among the risk factors for burns analyzed, the one that showed the greatest security risk, ie more than half of respondents performed, was the use of extensions or pins T's (81.3%), showing to be a common practice.
CONCLUSIONS: Although many participants reported having been shown, it is remarkable the need for more information campaigns in order to reduce risk and to break inefficient habits with respect to conduct popular Burns (toothpaste, butter etc) factors. Further studies with larger samples should be made in order to have more representative results, and thus, more effective measures points found in deficit.

Keywords: Burns. Primary Prevention. Risk Factors.

INTRODUÇAO

Queimaduras sao lesoes ocasionadas pelo calor, o qual pode ser originado por diversas fontes: térmica, energética, química e outras1-4. A queimadura pode ser apresentada em um espectro variado de simples a grave, a depender de sua profundidade, sua extensao e sua localizaçao. Esses fatores determinarao as diversas classificaçoes existentes para as queimaduras.

A ocorrência da lesao térmica é um acometimento de alta prevalência no Brasil5,6. Ela é considerada um grande problema de saúde pública, visto que sao poucos os cuidados voltados especificamente para essa área. Contraditoriamente, as queimaduras têm um potencial devastador, podendo desencadear problemas psíquicos, familiares, sociais, econômicos e promover a incapacidade ou levar até mesmo o indivíduo à morte7. Dessa maneira, as queimaduras excedem a uma simples urgência médica.

Segundo a OMS, mais de 95% das queimaduras por incêndio ocorrem em países de baixa e média renda. Dentro desse grupo de países, as mortes por queimaduras e as queimaduras mais graves ocorrem em pessoas de nível socioeconômico mais baixo8. Isso se deve, em parte, ao baixo grau de conhecimento da populaçao mais pobre quanto aos riscos de queimaduras em decorrência de um deficiente acesso a informaçoes.

Entretanto, mesmo para aqueles de alto nível socioeconômico, que têm maior facilidade de acesso a meios informativos, ainda existem dados insuficientes para fins de pesquisa na área. Isso revela a necessidade de haver uma promoçao de campanhas educativas e maior propagaçao das informaçoes relacionadas a esse assunto para qualquer que seja o nível social e econômico a que pertença o indivíduo.

Apesar de os acidentes com queimaduras serem subestimados em questao de prevençao e de informaçao, os dados mostram altos valores de incidência e significativas taxas de mortalidade. Nos Estados Unidos, cerca de 1 milhao e 250 mil pessoas sofrem queimaduras todos os anos, e, aproximadamente, 1 milhao de pessoas precisam de tratamento. Destas, 100.000 apresentam queimaduras moderadas a graves, embora apenas 51.000 requeiram hospitalizaçao, e dessas hospitalizadas, 5.500 chegam à morte, anualmente, em decorrência dessas queimaduras9,10. A taxa de mortalidade em países de baixo e médio rendimento é de 4,3/100.000 habitantes e, em países ricos, de 0,4/100.000 habitantes11.

Desse modo, é notável a importância de uma intervençao imediata e progressiva em termos de oferta de informaçoes no que diz respeito à vulnerabilidade e aos meios preventivos da populaçao. Baseando-se nisso, esse estudo objetiva analisar o grau de conhecimento da populaçao de Fortaleza acerca dos riscos de queimaduras, caracterizando-os, a fim de que se promova uma conscientizaçao sobre o assunto.


MÉTODOS

Trata-se de um estudo quantitativo realizado no Instituto Dr. José Frota (IJF), localizado na Rua Barao do Rio Branco, 1816 - Centro, Fortaleza / CE, a partir de um corte transversal, durante o Dia Nacional de Prevençao de Queimaduras (6 de junho) no ano de 2014.

O Dia Nacional do Queimado foi criado, em 1999, pelo cirurgiao plástico cearense Edmar Maciel, por meio de um decreto do Senador do estado do Ceará, na época, Lúcio Alcântara, no Senado Federal. Porém, somente foi promulgada em 2009, pelo presidente da República Luis Inácio Lula da Silva. O dia 6 de junho nao foi escolhido por acaso, pois, nessa data, comemora-se a fundaçao da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) e ocorre o período de Festas Juninas, período estratégico para alertar a populaçao sobre a prevençao dos acidentes com queimaduras.

A populaçao em estudo foi formada pelas pessoas presentes na recepçao do hospital, com a autorizaçao do próprio entrevistado, por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TLCE). A escolha da amostra nao foi probabilística de conveniência. Foram excluídos os entrevistados que nao assinaram o termo e que se recusaram a responder ao questionário.

Para a coleta dos dados, utilizou-se um questionário (Anexo I) que abordava as questoes sobre a prevençao de queimaduras e as situaçoes diárias, a fim de se avaliar o risco para eventuais queimaduras. Esse questionário foi elaborado e aplicado pelos pesquisadores. Nele, considerou-se como atitude correta, inicialmente, diante de uma queimadura, resfriar o local com água fria corrente. Sendo assim, todas as respostas que foram diferentes da citada anteriormente foram consideradas como incorretas, como aplicar pasta de dente, manteiga, óleo, pasta d'água, pomadas caseiras etc. Ainda no questionário, as profissoes consideradas como de risco foram as de eletricistas, mecânicos, operadores de máquinas, cozinheiros, soldadores, operadores de forno e bombeiros12-14.

A pesquisa foi aprovada pela Plataforma Brasil no Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário Christus (Unichristus), sendo respeitados todos os princípioséticos que regem a Lei 196/96 do Conselho Nacional de Saúde - CNS/Ministério da Saúde - (MS), os quais regulamentam a pesquisa em seres humanos.

Na análise do banco de dados, foi utilizado o IBM SPSS Statistics 20 e Microsoft Excel 2010. A análise descritiva dos dados foi realizada por meio de frequência, média e porcentagem.

Na referida data, várias seccionais da SBQ realizaram campanhas de prevençao em todo o país. Vale ressaltar que, até o ano de 2001, no Brasil, pode-se considerar que nao existiam campanhas de prevençao bem estruturadas nem em nível estadual, nem federal15. Isso ocorreu devido à Campanha de Prevençao de Queimaduras que foi realizada em Fortaleza, no ano de 2011, e sonhada, desde o ano de 1995, pelos cirurgioes plásticos Edmar Maciel e Paulo Furtado15. A Campanha foi apresentada no III Congresso Brasileiro de Queimaduras, em Porto Alegre, e lançada, oficialmente, no plenário da Câmara Municipal, no dia 13 de junho de 2001. Por sua excelência, essa campanha se tornou referência para outros estados brasileiros, tendo sua arte sido premiada em Fortaleza como a melhor campanha e o melhor outdoor16,17.


RESULTADOS

Ao final, foram analisadas 80 entrevistas, havendo nelas predominância do sexo feminino, com 48 pessoas (60%), contra 32 do sexo masculino (40%). A idade da amostra teve média de 38,41 anos, variando de 16 a 70 anos. Em relaçao ao estado civil, 48,8% eram solteiros, 36,3% casados, 7,5% divorciados e 7,5% viúvos. 56,3% se consideraram pardos, 35% brancos, 7,5%, negros e 1,3%, amarelos. Houve predomínio da religiao católica, com 66,3%, seguida pelas religioes evangélicas, com 26,3% e por outras religioes com 7,6%. Em relaçao à escolaridade, notou-se que 6,3% eram analfabetos, 32,6% possuíam ensino fundamental, 45,1 %, o ensino médio e 16,3%, o ensino superior (Figura 1, Tabelas 1 e 2).


Figura 1 - Porcentagem de pacientes entrevistados dividos por sexo.






Sobre a profissao, tem-se que a maioria dos entrevistados exercia uma profissao que nao possuía risco de ocorrência de queimaduras, representando 70%, e o restante (30%) exercia alguma profissao considerada de risco pelo presente estudo (Tabela 3).




A respeito da ocorrência de queimaduras, 57,5% dos entrevistados já tinham sofrido alguma queimadura, e 51,3% relataram que alguém da família tinha história prévia de queimaduras. Além disso, os tipos de queimadura mais incidente foram as térmicas, com 80,7%; seguidas pelas químicas, com 10,5%; elétricas com 7,8%; e queimaduras por radiaçao, com 1,8%. Considerando a atitude do entrevistado frente a um paciente com uma queimadura, perguntou-se qual seria a atitude ideal, sendo a resposta classificada como correta ou incorreta. A atitude incorreta predominou com 51,2%, enquanto a atitude correta correspondeu a 48,8% das respostas (Tabela 4).




Foram realizadas algumas perguntas sobre o risco de ocorrência de queimaduras. Essas perguntas trazem suas respostas analisadas a seguir. Em relaçao ao ferro de engomar, observou-se que a maioria (71,2%), ao terminar de usá-lo, nao o deixava exposto em locais de fácil acesso às crianças. Observou-se, também, que a localizaçao do botijao de gás é mais frequente dentro de casa, exposto ou nao (73,8%), enquanto o restante (26,2%) colocava-o fora de casa ou fazia uso de gás encanado.

Ao cozinhar, a maioria dos entrevistados (66,3%) colocavam os cabos de suas panelas para dentro do fogao, o que é considerado uma atitude correta. Em relaçao às tomadas, 60% localizavam-se em altura elevada; 12,5% eram baixas, com uso de protetor, e 27,5% também eram baixas, mas sem uso de protetor. Encontrou-se uma média de 2,43 aparelhos ligados em uma única tomada, variando de 1 a 10 aparelhos. Na casa dos entrevistados, 81,3% faziam uso de extensoes ou pinos T's, o que mostra que esse uso é uma prática comum. Já em relaçao ao manuseio da eletricidade descalço e/ou molhado, evidenciou-se que a maioria nao o realizava (66,3%).

Os produtos inflamáveis localizavam-se, principalmente, em locais separados e elevados (50%), e apenas 15% nao utilizavam esses produtos, sendo que, do total que os utilizavam, 81% identificavam-nos de forma correta. Os produtos ácidos apresentaram uma predominância da nao utilizaçao, com 58,8%, seguidos pelos que eram guardados em locais elevados e separados, com 25%. Entre os que usavam esses produtos, 65,9% identificavam de forma correta essas embalagens.

Na época do Sao Joao, 71,3% costumavam fazer fogueiras ou participar delas, e 45,8% dessas fogueiras estavam localizadas próximas das matas, dos produtos inflamáveis, dos fios elétricos ou das ventanias. A maioria dos entrevistados nao fazia uso de fogos de artifício (58,8%), seguidos por 21,3%, que eram manipulados por adultos e crianças que ficavam a uma distância segura, 15% que eram manipulados por adultos e crianças, que ficavam a uma distância insegura e 5% que eram manipulados indistintamente por crianças e adultos.

Em relaçao à exposiçao solar, notou-se que 58,7% faziam uso de protetor solar e/ou chapéu, quando se expunham ao sol. A maioria dos entrevistados nao ficava exposta ao sol entre 10 e 16 horas (60%).


DISCUSSAO

Inicialmente, vale-se ressaltar que, apesar de grande parte da amostra nao ter sido composta por trabalhadores com ocupaçoes consideradas de risco, a maior parte da ocorrência de queimaduras ocorre no próprio ambiente doméstico14, de acordo com estudos realizados na França18 e no Peru19.

As fontes mais frequentes de causas de queimaduras, segundo a literatura sao: térmica, energética, química, por radiaçao ionizante e outras1-4. Quanto à predominância da queimadura térmica na populaçao, o presente artigo mostrou-se concordante com todos os estudos que citam a prevalência em ordem decrescente dos principais tipos que acometem a populaçao11.

As principais causas desse tipo de queimadura sao a exposiçao à água fervente ou ao fogo ou a objetos aquecidos20, o que foi percebido por meio de relatos dos próprios entrevistados no momento do questionário. O segundo tipo de queimadura mais frequente foi a química, o que diverge da maioria dos trabalhos existentes na literatura, os quais dizem ser a elétrica21. No entanto, em estudos em que se avaliam apenas queimaduras oculares, a química apresenta-se como a mais frequente, sendo responsável por 58% dos casos22.

As queimaduras térmicas podem ser desencadeadas por diversos meios: líquidos quentes, fogos de artifício, contato direto com o fogo ou fogueiras etc. Uma das causas mais frequentes de queimaduras é o contato com água fervente ou outros líquidos quentes, como o óleo fervente. Apesar de nao serem, normalmente, profundas, sao queimaduras extensas23. Esses eventos ocorrem predominantemente em cozinhas, devendo-se à desatençao ou a um incorreto posicionamento das panelas. No presente trabalho, mais da metade (66,3%) dos entrevistados deixavam o cabo da panela virado para dentro, minimizando o risco de queimaduras por esse fato.

Diversos estudos explicitam a importância de se abordar o risco de queimaduras por fogos de artifício, quando a atençao é voltada para as causas de queimaduras térmicas24. Em um trabalho, 33 eram pacientes, 61% (18) tinham sofrido queimaduras durante o manuseio de produtos inflamáveis, subentendendo-se a errada utilizaçao (manuseio, armazenamento ou identificaçao) desses materiais25. Esses dados foram de encontro com o presente trabalho, o qual mostrou que metade dos entrevistados armazenavam esses produtos em locais elevados (evitando o contato de crianças), e 81% identificavam corretamente esses materiais. Dados do Ministério da Saúde mostram que, de 2008 a abril de 2011, 1.382 pessoas foram internadas no Brasil por queimaduras ocasionadas por fogos de artifício26.

De grande importância na ocorrência de queimaduras térmicas, é o ato de acender de fogueiras, prática que aumenta consideravelmente durante o período de Sao Joao26. Porém, o presente trabalho mostrou que a maioria dos entrevistados (71,3%) nao costumavam realizar ou participar de fogueiras de Sao Joao, e o restante, 54,2%, nao o faziam perto de matas (locais passíveis de uma fogueira alastrar-se rapidamente), mostrando um baixo risco de queimaduras quanto a esse aspecto.

Quanto às queimaduras por choque elétrico, a literatura mostra que sao uma das mais prevalentes causas de injúrias domésticas nao intencionais em menores de 15 anos nos Estados Unidos da América27. Fatores como a altura das tomadas, o uso de protetor nas tomadas, o número de equipamentos ligados em uma única tomada e a utilizaçao de extensoes e pinos Ts determinam o menor ou o maior risco de ocorrer queimaduras por choque elétrico. No presente trabalho, os dados referentes a esses aspectos mostraram-se positivos (baixo risco), excetuando-se a média de 2,43 aparelhos ligados em uma mesma tomada e o uso de extensoes e pinos Ts em 81,3%. Os dois últimos dados expressam o elevado risco de ocorrência de queimaduras ocasionadas por choques elétricos, principalmente tratando-se de crianças, como mostrou Mukerji et al.28, evidenciando a maior ocorrência de queimaduras por choque em crianças de 6 a 10 anos. Incidentes dessa natureza podem ser extremamente graves, levando a amputaçao de partes do corpo acometidas6.

As queimaduras solares (por radiaçao ionizante) sao uns dos efeitos imediatos da elevada fotoexposiçao solar29. A fotoproteçao, seja química seja mecânica (bonés, chapéus etc.), é a principal maneira (após a nao exposiçao) preventiva de queimaduras solares. É válido ressaltar que, apesar do uso de fotoprotetores químicos, muitos fazem a utilizaçao incorreta, em relaçao à quantidade aplicada e aos tipos de fotoprotetores, causando a falsa impressao de fotoproteçao30,31.

Era esperado pelos autores que a maioria dos entrevistados conhecessem os primeiros socorros ou as primeiras atitudes básicas frente a uma queimadura. No entanto, mais da metade (51,2%) citou que o correto seria utilizar pasta de dente, manteiga, óleos, pomadas caseiras etc. A prática ideal, frente a uma queimadura, é utilizar água corrente, o que foi citado por apenas 48,8% dos entrevistados.

Vale ressaltar que, apesar de existir um protocolo extenso e complexo para a conduta frente a casos de queimaduras, a populaçao deve ou deveria estar informada sobre o mínimo a ser feito diante de tais situaçoes.

Os cuidados necessários que devem ser tomados sao: expor o ferimento à água corrente; nao passar no local nenhum produto ou receita caseira, pois qualquer substância aplicada sobre a pele queimada irá irritá-la, além de trazer risco de infecçoes; nao estourar ou manusear as bolhas provocadas pela queimadura (as quais se manifestam nas queimaduras de segundo grau); evitar tecidos ou materiais que grudem no ferimento. (ex.: algodao); evitar retirar as roupas que estiverem grudadas à queimadura, até a chegada ao prontosocorro32.


CONCLUSAO

Apesar de as queimaduras serem umas das causas mais alarmantes de acidentes (graves ou nao), verifica-se a necessidade de mais informaçoes sobre o assunto, visando a uma maior porcentagem de pessoas informadas sobre os riscos e corretamente direcionadas à conduta esperada frente às queimaduras. Apesar de muitos resultados terem-se mostrado positivos, ou seja, mais entrevistados informados do que desinformados sobre os variados riscos, há uma grande populaçao a ser abordada e conduzida para o primeiro grupo.

É notável a prevalência de relatos que mostram uma populaçao adepta a costumes já abolidos (ou que deveriam ter sido), como a aplicaçao de creme dental (pasta de dente) e de manteiga nos ferimentos. A aplicaçao de água corrente pode ser algo consideravelmente básico, porém, para muitos, pode ser considerada uma maneira ineficaz e prejudicial, visto que a ausência de qualquer conduta mais complexa aparenta, aos leigos, um desleixo frente ao caso.

Trabalhos como o presente estudo denotam a importância de descrever o conhecimento da populaçao sobre o assunto para, assim, direcionar mais campanhas educativas. Além disso, o estabelecimento de um elo de confiança entre o pesquisador e o entrevistado, durante a realizaçao do questionário, pode promover uma conscientizaçao final com boa adesao sobre as atitudes corretas. Esses pequenos atos sao significativos durante a prevençao diária.

Mais estudos devem ser feitos com uma amostra maior, para que haja resultados mais representativos da populaçao como um todo, além do estabelecimento de um ponto mais sensível da populaçao em termos de desinformaçao e, em cima de tais especificaçoes, a promoçao de um meio educativo eficaz.


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1. Cirurgiao Plástico do Instituto Dr. José Frota e Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Fortaleza, CE, Brasil
2. Fisioterapeuta, Mestra em Saúde Pública pela UPAP, Assunçao, Paraguai
3. Estudante de Medicina do Centro Universitário Christus (Unichristus), Fortaleza, CE, Brasil

Correspondência:
Edmar Maciel Lima Júnior
Avenida Senador Virgílio Távora, 1901 - Salas 1102 e 1103 Aldeota
Fortaleza, CE, Brasil - CEP 60.170.251
E-mail: edmarmaciel@gmail.com

Artigo recebido: 28/10/2014
Artigo aceito: 5/12/2014

Trabalho realizado no Instituto Dr. José Frota (IJF), Fortaleza, CE, Brasil.



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