1820
Visualizações
Acesso aberto Revisado por pares
Artigo Original

Tendência de morbidade hospitalar por queimaduras em Santa Catarina

Hospital morbidity trends due burns in Santa Catarina

Liliam Cristini Gervasi1; Juliano Tibola2; Ione Jayce Ceola Schneider3

RESUMO

OBJETIVO: Analisar a tendência temporal de morbidade hospitalar por queimaduras no Estado de Santa Catarina, Brasil.
MÉTODOS: Estudo ecológico de séries temporais, realizado a partir do Banco de Dados do Sistema de Informaçao Hospitalar, com internaçoes de residentes de Santa Catarina de 1998 a 2012. As taxas de morbidade foram padronizadas por idade e foi realizada regressao linear para estimar as tendências da morbidade e adicionado o coeficiente de determinaçao (R2). Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa-UNISUL.
RESULTADOS: Ocorreram 12.857 internaçoes no período estudado. A taxa geral de morbidade hospitalar por queimaduras diminuiu aproximadamente 0,45 internaçoes a cada 100.000 habitantes por ano (R2=0,6637). A taxa no sexo masculino foi maior, iniciando superior a 20/100.000 habitantes e aproximando-se de 15/100.000 habitantes no final do período estudado; o sexo feminino teve menores taxas e variabilidade. Em relaçao à faixa etária, o grupo de 1 a 4 anos foi o mais acometido.
CONCLUSAO: Houve queda na taxa de morbidade hospitalar geral. O sexo masculino e a faixa etária de 1 a 4 anos de idade foram os mais acometidos por queimaduras em Santa Catarina.

Palavras-chave: Morbidade. Hospitalização. Queimaduras. Perfil Epidemiológico.

ABSTRACT

PURPOSE: To analyze time trends of hospitalizations due to burns in the State of Santa Catarina, Brazil.
METHODS: An ecological time series done from the Database of Hospital Information System, with admissions of Santa Catarina's residents from 1998 to 2012. Morbidity rates were standardized by age and sex, and linear regression was used to estimate trends in morbidity and added the coefficient of determination (R2). Approved by the EthicsCommittee for Research - UNISUL.
RESULTS: There were 12,857 admissions during the study period. The overall rate of hospital admissions for burns decreased approximately 0.45 hospitalizations per year (R2=0.6637). The rate for males was higher, starting at 20/100.000 inhabitants and approaching 15/100.000 inhabitants at the end of the study period, females had lower rates and variability. Regarding age, the group of 1-4 years was most affected.
CONCLUSION: There was a decrease in the rate of overall morbidity. The male and the age range 1-4 years old were the most affected by burns in Santa Catarina.

Keywords: Morbidity. Hospitalization.Burns.Epidemiological Profile.

INTRODUÇAO

Lesoes por queimadura constituem importante causa de morbimortalidade em todo o mundo. As queimaduras sao resultantes da açao direta ou indireta do calor excessivo sobre o tecido orgânico, exposiçao a corrosivos químicos ou radiaçao, contato com corrente elétrica ou frio extremo. Esse tipo de lesao é um dos traumas mais graves, é também uma das principais causas de morte nao intencional em crianças e idosos, devido principalmente à infecçao, que pode evoluir com sepse, com repercussao sistêmica e possíveis complicaçoes renais, adrenais, cardiovasculares, pulmonares, musculoesqueléticas, hematológicas e gastrointestinais1.

Apesar de causar cerca de 300.000 mortes por ano no mundo, a maioria das queimaduras nao sao fatais. Nos Estados Unidos, mais de 2 milhoes de lesoes devido a queimaduras requerem cuidados médicos a cada ano, com 14.000 mortes, considerada a quarta principal causa de morte por injuria. No Brasil, estima-se que 1.000.000 de indivíduos sao acometidos por queimaduras a cada ano2.

Mesmo existindo esses altos índices de morbimortalidade, estudos têm demonstrado declínio em todo mundo na quantidade de mortes por queimaduras. O índice de mortalidade a cada 100.000 habitantes diminuiu na Austrália de 1,5 para 0,7, no Brasil passou de 1,1 para 0,5 e nos Estados Unidos caiu de 2,99 para 1,2 por 100.000 habitantes. Outros países como França, Inglaterra, Canadá e México também demonstram esse declínio significativo. Embora a taxa de mortalidade diretamente relacionada com lesoes térmicas tenha diminuído, a morbidade física e social infligida aos pacientes e seus familiares sao grandes. Além disso, queimaduras também estao entre as lesoes traumáticas de maior custo, devido à longa hospitalizaçao e reabilitaçao, cujo tratamento da ferida e da cicatriz sao realizados por meio de procedimentos bastante onerosos3.

Associados à complexidade do tratamento e à exigência de infraestrutura adequada, esses acidentes tornam-se um problema de saúde pública nos países em desenvolvimento. Especialmente nos países classificados como de média e baixa renda, as queimaduras permanecem como um dos agravos mais negligenciados entre os vários tipos de causas externas4.

Traçar o perfil dos pacientes acometidos por este tipo de lesao é difícil, visto que a epidemiologia e o prognóstico de queimaduras variam consideravelmente em diversas partes do mundo e sao influenciados por fatores culturais, civilizacionais e industrializaçao. Além disso, existem evidências para se acreditar que a queimadura está associada ao índice socioeconômico da populaçao, e que os atendimentos prevalecem em pacientes com menores condiçoes socioeconômicas5.

No Brasil, estudos demonstram tendência do perfil de pacientes serem crianças, até 8 anos de idade, sexo masculino, membros superiores e regiao de cabeça e pescoço como as regioes mais atingidas, e o fogo é a principal causa de queimaduras. Os idosos representam apenas 10% dos casos, entretanto, sao os que têm a mais alta taxa de mortalidade relativa5.

Em relaçao aos casos nao fatais, é importante conhecer o perfil dos pacientes que sofrem internaçoes por queimadura. A morbidade hospitalar é um indicador estatístico epidemiológico que representa o conjunto de indivíduos que adoeceram e foram internados em um determinado período e por uma determinada causa. Ainda que as informaçoes provenientes das estatísticas de hospitalizaçoes sejam frequentemente alvo de críticas, em razao de sua limitaçao quanto à abrangência, ou até mesmo por sua qualidade, nao resta dúvida de que elas podem ser úteis no delineamento do comportamento de determinada injúria através dos anos5,6.

No Brasil, o Sistema de Informaçoes Hospitalares do Sistema Unico de Saúde (SIH-SUS) foi concebido para operar o pagamento de internaçao aos hospitais contratados pelo Ministério da Saúde. A Autorizaçao de Internaçao Hospitalar (AIH) é o documento fonte desta base de dados. Apesar das limitaçoes inerentes às características administrativas, e ao fato de nao ser universal, pois abrangem somente as internaçoes pagas pelo SUS, o SIH-SUS apresenta várias vantagens: primeiro, a coleta rotineira em um grande número de unidades hospitalares; segundo, a disponibilizaçao ao público interessado em pouco tempo; terceiro, abrange aproximadamente 70% das internaçoes brasileiras; e, por fim, conta com informaçoes epidemiológicas importantes, as quais permitem inúmeras análises da situaçao de morbidade hospitalar e de avaliaçao de serviços7.

Além disto, é obrigatório, desde janeiro de 1998, atribuir um código do capítulo XX (Causas Externas de Morbidade e Mortalidade) da Classificaçao Internacional de Doenças (CID) ao campo "diagnóstico secundário" da AIH nos casos de internaçao pelo SUS por causas acidentais ou violentas. Dessa forma, além de proporcionar conhecimento sobre as consequências do acidente ou violência (fraturas, queimaduras, ferimentos, entre outros) que teriam sua codificaçao no campo "diagnóstico principal", este Sistema também possibilita conhecer, por meio do "diagnóstico secundário", as "causas" dessas lesoes. Assim, contribui para as análises da situaçao e das tendências dessas internaçoes e, consequentemente, para subsidiar as intervençoes preventivas necessárias7.

Sabe-se que a metodologia das atividades preventivas pode ser aperfeiçoada com estratégias pontuais, ao ter enfoque na educaçao da saúde pública. Portanto, a ampliaçao do número de estudos técnicos científicos sobre a epidemiologia de queimaduras torna-se necessário e desejado. Fornecer alicerce com pesquisa em instituiçoes terciárias é fundamental para que os órgaos responsáveis possam desenvolver métodos de prevençao eficazes, baseados na populaçao local estudada7. Neste sentido, o presente estudo busca analisar a tendência temporal da morbidade hospitalar por queimaduras em Santa Catarina.


MÉTODO

Trata-se de um estudo ecológico da morbidade hospitalar por queimaduras em Santa Catarina. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)8, o Estado possuía, em 2010, o terceiro Indice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, com 0,774. Apresenta uma expectativa de vida de aproximadamente 75,8 anos. Para as mulheres catarinenses, esta expectativa é 79,1 anos e, para os homens, de 72,6 anos. Foi o terceiro melhor índice de mortalidade infantil em 2009, e atingiu, em 2010, a erradicaçao virtual do analfabetismo, com apenas 3,9% de analfabetos.

A populaçao de estudo foi composta pelas internaçoes do SIH-SUS por queimaduras do Estado de Santa Catarina, ocorridas no período de 1998 a 2012. Foram incluídos os casos de queimadura e corrosoes declaradas na lista de morbidades da CID-10 do SIH-SUS, e excluídos os dados de internaçao com sexo ou idade ignorados.

Os dados utilizados sao oriundos do SIH/SUS, gerido pelo Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Assistência à Saúde, em conjunto com as Secretarias Estaduais de Saúde e as Secretarias Municipais de Saúde, processado pelo DATASUS, da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde.

As unidades hospitalares conveniadas ao SUS (públicas ou particulares) enviam as informaçoes das internaçoes efetuadas por intermédio da AIH para os gestores municipais (se em gestao plena) ou estaduais (para os demais). Estas informaçoes sao processadas no DATASUS, gerando os créditos referentes aos serviços prestados e formando uma Base de Dados, contendo dados de grande parte das internaçoes hospitalares realizadas no Brasil.

A coleta de dados foi realizada a partir desse banco, que gera as morbidades hospitalares. As informaçoes sobre o número de habitantes foram obtidas da base de dados do IBGE, também disponibilizada pelo DATASUS. Os dados populacionais foram provenientes dos censos de 2000 e 2010 da contagem populacional de 1996 e, os demais anos, das estimativas intercensitárias.

A populaçao brasileira no ano de 2010, proveniente do Censo Demográfico do IBGE, foi utilizada como populaçao padrao9.

Os bancos de dados de morbidade, populaçao residente em SC e populaçao brasileira de 2010 foram acessados no DATASUS, segundo sexo e faixa etária.

Estes dados foram exportados em formato CSV e, posteriormente, salvos como Excel. Os procedimentos para obtençao da populaçao residente em Santa Catarina e no Brasil, derivados também do DATASUS, foram realizados da mesma forma, por faixa etária, e sexo.

Inicialmente, foram calculadas as taxas específicas de morbidade hospitalar por meio da razao entre o número de internaçoes por queimaduras e a populaçao estimada na data de 1º de julho em cada ano da série, para cada faixa etária; em seguida, as taxas brutas de morbidade foram padronizadas por idade, pelo método direto, e utilizada como padrao a populaçao brasileira para o ano de 2010.

As taxas calculadas foram utilizadas na análise da tendência da morbidade para os sexos e por faixa etária, por meio da estimativa de modelos de regressao. Para o processo de modelizaçao, as taxas padronizadas de morbidade por sexo ou faixa etária (γ) foram consideradas como variável dependente e, como variável independente (x), os anos do período de estudo.

Para suavizar a série histórica, em funçao da oscilaçao dos pontos provenientes do pequeno número de casos em determinados estratos, foi calculada a média móvel centrada em três termos. Nesse processo,

o coeficiente analisado do ano i (Yai) correspondeu à média aritmética do coeficiente do ano anterior (i -1), do próprio ano (i) e do ano seguinte (i + 1), correspondendo à fórmula:



Com este processo, de utilizaçao da média móvel centrada em três termos, o período de estudo correspondeu ao período de 1999 a 2011.

A identificaçao das tendências temporais de internaçao foi feita a partir dos gráficos, com a inclusao da reta de tendência linear e o coeficiente de determinaçao (R2), que mede o ajuste do modelo de regressao linear aos dados.

A pesquisa foi fundamentada nos princípios éticos, com base na Resoluçao nº 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde, a qual incorpora sob a ótica do indivíduo e das coletividades, os quatro referenciais básicos da bioética: autonomia, nao maleficência, beneficência e justiça, entre outros, visando assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado.

A coleta de dados foi iniciada após a aprovaçao pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unisul, sob o nº 296.690. Foi solicitada a dispensa da utilizaçao do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para realizaçao deste projeto, visto a utilizaçao de dados de domínio público.


RESULTADOS

No período de 1998 a 2012, ocorreram 12.857 internaçoes por queimaduras registrados nos hospitais públicos de Santa Catarina. A tendência da taxa de internaçao por queimaduras encontra-se no Gráfico 1. A taxa de morbidade hospitalar em 1998, início do período, apresentava-se próxima a 16 internaçoes por 100.000 habitantes; finalizando o período, 2012, abaixo de 14 internaçoes. Pôde-se observar que até o ano de 2005 houve pequena variaçao nesta tendência. No período a partir de 2006 a 2012, houve diminuiçao significativa na internaçao desta taxa. A correlaçao apresentada nesta tendência mostra-se como moderada (Tabela 1), com queda de 0,45 internaçoes em 100.000 habitantes por ano.


Gráfico 1 - Tendência da taxa de internaçao por queimaduras, SC, 1999-2011.




Ao estratificar a taxa de internaçao por sexo, percebeu-se que a referente ao sexo masculino é superior (Gráfico 2). A taxa de morbidade hospitalar do sexo masculino iniciou superior a 20 internaçoes por 100.000 habitantes, finalizando a série histórica pouco acima de 15 e, para o sexo feminino, houve menor variaçao, iniciou acima de 10 internaçoes por 100.000 habitantes e, ao final do período, diminuiu seu índice, abaixo de 10 internaçoes por 100.000 habitantes. Ocorreram mais variaçoes de tendência do sexo feminino no período, mostrando elevaçoes até meados de 2005, seguida de queda, já observada no sexo masculino desde 2003.


Gráfico 2 - Tendência da taxa de internaçao por queimaduras segundo sexo, SC, 1999-2011.



Os Gráficos 3, 4 e 5 apresentam as tendências temporais de internaçao por queimaduras segundo as faixas etárias.


Gráfico 3 - Tendência da taxa de internaçao por queimaduras segundo faixa etária, de menores de 1 ano a 19 anos, SC, 1999-2011.


Gráfico 4 - Tendência da taxa de internaçao por queimaduras segundo faixa etária, de 20 a 59 anos, SC, 1999-2011.


Gráfico 5 - Tendência da taxa de internaçao por queimaduras segundo faixa etária, mais de 60 anos, SC, 1999-2011.



O Gráfico 3 mostra a tendência de internaçao por faixa etária, de menores de 1 a 19 anos. Ao analisar a morbidade hospitalar, verificouse que o grupo mais acometido é de 1 a 4 anos, com taxas próximas a 4 no início do período. Todos os grupos apresentaram queda na taxa de internaçao após 2001, por outro lado, tiveram pequeno aumento por volta de 2009. A queda mais significativa ocorreu no grupo de 1 a 4 anos, com taxas que se aproximaram a 2. Como demonstrado na Tabela 1, nesse grupo a reduçao de internaçoes em 100.000 habitantes por ano foi 0,15, caracterizado por forte correlaçao, que também é encontrada no sexo masculino, em menores de 1 ano, e de 70 a 79 anos.

A taxa de internaçao por queimaduras segundo a faixa etária de 20 a 59 anos está representada no Gráfico 4. Sao observadas taxas muito semelhantes entre as faixas etárias de 30 a 49 anos. O grupo de de 50 a 59 anos mostrou-se o menos acometido. Durante todo o período, a faixa dos 20 aos 29 anos teve as maiores taxas de internaçao, entretanto, nao atingindo valores próximos a 3 internaçoes por 100.000 habitantes daquela faixa etária.

As taxas de internaçao por queimaduras em pessoas com 60 anos ou mais mostram-se muito baixas, inferiores a 1 durante todo o período, conforme apresentado no Gráfico 5. Percebe-se que, quanto maior a idade, menor a taxa de internaçao encontrada. Segundo a Tabela 1, há forte correçao na reduçao de 0,018 internaçoes em 100.000 habitantes por ano, no grupo de 70 a 79 anos.

Na Tabela 1 sao apresentados a reta de regressao linear e o coeficiente de determinaçao geral e estratificada por sexo e faixa etária. O único grupo que teve aumento no número de internaçoes foi o de 20 a 29 anos, todos os demais apresentaram reduçao. Ao analisar a taxa de internaçao geral, evidencia-se uma queda de 0,45 internaçoes por queimaduras a cada 100.000 habitantes ao longo do período estudado.


DISCUSSAO

As queimaduras sao consideradas um grave problema de saúde pública no Brasil, portanto, de grande importância o conhecimento epidemiológico1. Sao os dados estatísticos que fornecem subsídios para programas de prevençao e tratamento, bem como definem um paralelo entre as experiências de centros nacionais e internacionais.

O presente estudo identificou por meio das taxas de internaçao como se comportaram as queimaduras no Estado de Santa Catarina ao longo dos anos (1999-2011). Nao há na literatura estudos semelhantes que analisem a tendência temporal das internaçoes por queimaduras com abrangência estadual. Tal observaçao é importante para que se avaliem os dados do passado e a partir disso façam-se previsoes sobre o futuro, orientando a tomada de decisoes nos principais pontos que requerem mudança.

Os dados obtidos neste estudo demonstram que apesar de discreto aumento ocorrido no início dos anos 2000, no geral e principalmente a partir de 2005, houve queda no número de internaçoes por queimaduras no estado de Santa Catarinana última década. O Ministério da Saúde implementou em 2001 a Política Nacional para Reduçao da Morbimortalidade por Acidentes e Violências com propostas de açoes específicas para os gestores federal, estaduais e municipais, cujas diretrizes visam à promoçao da adoçao de comportamentos e de ambientes seguros e saudáveis10. Em 2004, foram criados os Núcleos de Prevençao de Acidentes e Violências no Sistema Unico de Saúde, que foram se consolidando e recebendo suporte técnico-financeiro e monitoramento do Ministério da Saúde, ampliando a rede de núcleos nos anos seguintes11. Tais programas podem ter contribuído para a reduçao nos casos de queimaduras que necessitaram de internaçao, causando a queda nos índices, como observado nesse estudo, haja vista que praticamente em sua totalidade, as queimaduras ocorrem acidentalmente12,13.

A maior taxa de vítimas internadas por queimaduras no período do estudo foi de pacientes do sexo masculino. Nas lesoes por queimaduras, as diferenças de gênero começam a aparecer no primeiro ano de vida, os meninos sao 70% mais propensos a sofrer lesoes que as meninas, e em crianças menores de 15 anos de idade, há 24% mais morbidade hospitalar entre os meninos do que entre as meninas. Maiores taxas de morbidade hospitalar no sexo masculino e menores no sexo feminino também foram encontradas por outros autores14. O predomínio do sexo masculino é novamente observado em estudos acerca dos acidentes infantis e pode estar relacionado com as diferenças de comportamento de cada sexo e com fatores culturais, que determinam maior liberdade aos meninos e, em contrapartida, maior vigilância das meninas15.

Entre os adultos, as diferentes atividades desenvolvidas também justificam os percentuais encontrados, no qual os homens podem estar mais expostos por exercerem atividades de maior risco de queimadura, como por exemplo: caminhoneiros, bombeiros, mineiros, operadores da aviaçao, de fornos e estufas16.

Nas mulheres, as queimaduras ocorrem geralmente por acidentes na cozinha, autoimolaçao e violência doméstica. Países como India e Egito possuem proporçao maior de queimaduras entre o sexo feminino, enquanto que outros, como Brasil, Bangladesh, EUA, Inglaterra, Itália, China17 apresentam maiores índices masculinos, como o encontrado no estado de Santa Catarina.

Em relaçao à faixa etária, este estudo encontrou queda, de forma geral, no número de internaçoes por queimaduras em todas as faixas etárias. As crianças representam grande parcela das vítimas de queimaduras. Em todo o mundo, é comum serem gravemente feridas, levando à dor, deficiência e até ao óbito. Globalmente, as maiores taxas de internaçao ocorremde zero a quatro anos de idade1. Nos EUA, incêndios e queimaduras chegaram a representar a terceira principal causa de lesoes nao intencionais e morte do primeiro ao nono ano de idade16. Quando analisado especificamente em indivíduos menores de 1 a 19 anos, o grupo mais acometido em SC é o que compreende crianças de 1 a 4 anos de idade. Dados semelhantes foram encontrados por Fernandes et al.13 e Martins et al.15 que, ao avaliaram a incidência de queimaduras e suas causas, também verificaram que crianças na faixa etária a partir de 1 ano de idade estao mais susceptíveis a esse tipo de lesao. Os dados de internaçao hospitalar disponíveis no SIH/SUS para o ano de 2009 reforçam a importância das queimaduras nessa faixa etária, uma vez que na populaçao em geral as queimaduras representaram 9% do total de internaçoes do grupo das causas externas, porém, entre as crianças de 0 a 4 anos, elas representaram 17%10.

A maior susceptibilidade a queimaduras de crianças em comparaçao com adultos está relacionada com o estágio de desenvolvimento. A curiosidade das crianças e o desejo de experimentar o desconhecido, associado à limitada capacidade de compreender o potencial de perigo, eleva o risco17. Aos 6 meses de idade, as crianças começam engatinhar e alcançar objetos, com desenvolvimento da coordenaçao motora aumenta a chance da criança ter acesso a líquidos quentes e sólidos, cabos elétricos, velas, lareiras, ferros de passar roupas, fornos e fogoes, produtos químicos e outros agentes nocivos7.

Nas crianças com idade entre 6-36 meses, a maioria das queimaduras sao por alimentos quentes e líquidos derramados usualmente na cozinha. Líquidos quentes e vapor também foram citados como os principais causadores de lesoes em crianças de 12 a 17 meses. Esta idade coincide com o desenvolvimento de mobilidade independente e com o caráter exploratório. Outro exemplo sao os incêndios resultantes de brincadeiras infantis, esses representam a principal causa de mortes em incêndios residenciais em crianças menores de 10 anos. Além disso, contribuem para esses achados fatores relacionados às características sociodemográficas das maes, o conhecimento sobre o risco de queimaduras, a estrutura física da casa, o uso de produtos químicos inflamáveis, assim como a supervisao constante à criança.

Dados coletados nos EUA (1980-1995) revelaram que as crianças cujas maes possuíam apenas o ensino médio tinham quase 20 vezes maior risco de morrer em um incêndio do que aquelas crianças cujas maes tinham educaçao universitária. Da mesma forma, as crianças cujas maes tinham três ou mais filhos apresentaram risco seis vezes maior de morrer em um incêndio quando comparado com crianças cujas maes nao tinham outros filhos17. Essas características, pouca instruçao e grande quantidade de filhos, remetem exatamente à realidade brasileira, onde a maior parte da populaçao possui baixo nível socioeconômico. Na Inglaterra, as queimaduras denotam as classes sociais, na qual os acidentes com fogo e chamas sao 16 vezes maiores em crianças pertencentes às classes mais baixas quando comparados às classes mais altas16-18.

A faixa etária de 5 a 9 anos é a segunda mais prevalente no grupo de menores de 1 a 19 anos. Um estudo desenvolvido no Ira demonstrou que 21 a 37% das crianças com aproximadamente 8 anos, entre elas especialmente as meninas, realizavam trabalhos domésticos como auxiliar na cozinha e estavam mais propensas a sofrerem queimaduras17. Bernzet al.5 analisaram as características dos pacientes internados por queimadura no Hospital Infantil Joana de Gusmao de 1991 a 2008, localizado em Florianópolis (SC), e verificaram que o perfil do paciente que vai a óbito na realidade local é de um menino (72%), em idade pré-escolar (76%), que se queimou na cozinha de casa, com fogo resultante da combustao de álcool (44%) e chegou à instituiçao com mais de 8 horas.

Para reduçao desses eventos, as intervençoes devem estar voltadas à diminuiçao do acesso das crianças à qualquer potencial agente causador de queimaduras presentes nas residências, por meio de maior número de campanhas educativas voltadas para a populaçao em geral, pais e crianças em particular.

É preciso promover mudanças no ambiente doméstico que possibilitem prevenir esses eventos, como por exemplo, o uso de grades que impeçam o acesso à cozinha. A supervisao inadequada das crianças é apontada na literatura internacional como um fator de risco significante para mortes por causas externas em crianças. Essa questao deveria ser melhor explorada, uma vez que a crescente participaçao das mulheres no mercado de trabalho e como chefe de família pode significar menor supervisao de suas crianças18. Desse modo, as políticas públicas que aumentam a disponibilidade e acesso a creches e escolas infantis, com atividades no período integral, podem contribuir para o controle e reduçao desses eventos que determinam grande sofrimento, e muitas vezes sequelas que podem provocar mudanças importantes na vida das vítimas10,18.

Ao analisar as taxas de internaçao por queimaduras em adultos, o atual estudo identificou maior prevalência na faixa etária de 20 a 29 anos. Apesar de um declínio ocorrido nos últimos quatros anos do período estudado, tal grupo apresenta índices mais elevados que qualquer outro da faixa etária adulta até os 59 anos. Este dado corrobora outros estudos epidemiológicos, os quais relatam que acidentes nos adultos estao relacionados com atividades ocupacionais (aproximadamente 29,0%) que submetem as pessoas a risco de lesoes por queimaduras, causadas muitas vezes por susbtâncias químicas, chegando a ocorrer 19,1% dos atendimentos iniciais por queimadura no ambiente de comércio, serviços, indústria ou construçao10,19.

Os índices encontrados nas faixas etárias de 30-39 e 40-49 anos no presente estudo alternaram-se entre o segundo lugar entre os adultos no que diz respeito às internaçoes por queimaduras em SC de 1998 a 2012. Pode-se supor que esse resultado se deve justamente ao fato dessas faixas ainda compreenderem os anos de maior produtividade, o que também justificaria taxas mais baixas a partir dos 50-59 anos, quando geralmente é iniciado o período de aposentadoria. Para o manejo de acidentes de trabalho e domésticos que envolvem principalmente as tarefas realizadas na cozinha, é preciso investimento em equipamentos de proteçao individual, como luvas, máscaras, roupas especiais e, principalmente, conscientizaçao das pessoas de que para evitar possíveis danos e perdas, deve-se estar sempre alerta, com vistas à prevençao de acidentes por queimadura.

Os idosos representaram os menores índices de internaçao deste estudo. Acima dos 60 até os 80 anos ou mais, os valores sao muito próximos de zero. Entre os 60-69 anos foram observadas as maiores taxas de internaçao entre os idosos, por representarem, talvez, os que detêm maior grau de atividade neste grupo etário, e estarem, portanto, mais propensos a lesoes. Diferentemente do encontrado em Santa Catarina, em estudo realizado no Ceará houve predominância nas internaçoes em pacientes com idade média de 72,7 anos. Em contrapartida aos baixos índices de internaçao, pacientes idosos possuem alta mortalidade. A associaçao de doenças, medicalizaçao e deteriorizaçao da capacidade cognitiva, os fazem vítimas mais susceptíveis a complicaçoes que cursam com óbito18,20,21. Uma vez internado, o paciente queimado (principalmente se for idoso) requer, de forma usual, longa permanência na hospitalizaçao, onerando os custos do atendimento.

Segundo Melione et al.22, em trabalho realizado sobre os gastos do Sistema Unico de Saúde, as queimaduras atendidas em hospital nao especializado corresponderam ao maior custo-dia (custo-dia = valor pago pelas internaçoes/número de dias de permanência) entre as internaçoes por causas externas, no valor de R$ 130,18. O alto custo e a escassez de oferta de centros especializados em queimaduras no Brasil demonstram que, independentemente da idade, para os casos que exigem internaçao, a assistência adequada e especializada ao paciente em sua fase aguda tem um papel crucial na reduçao da mortalidade, das sequelas funcionais, estéticas e psicológicas23-25.

De maneira geral, os dados observados em Santa Catarina demonstram tendência de diminuiçao do número de queimaduras, no entanto, algumas limitaçoes devem ser ressaltadas na interpretaçao dos dados do presente trabalho. A primeira delas é que as informaçoes foram provenientesde um banco de dados disponibilizado pelo DATASUS e, portanto, propenso a falhas. Pode haver subregistro de internaçoes por causas externas (grupo no qual encontram-se as queimaduras) e algumas distorçoes em relaçao aos tipos de causas no Sistema de Informaçoes Hospitalares, fornecedor dos dados ao DATASUS, como observado por Tomimatsu et al.6,25.

Outra limitaçao refere-se à fonte de financiamento das internaçoes, no caso o SUS, o que exclui, portanto, as internaçoes financiadas por particulares e por seguros de saúde, nao evidenciadas nesse estudo. Apesar de tais limitaçoes, o panorama geral das internaçoes por queimaduras apresentado oferece boa noçao da realidade, haja vista que a grande maioria dos atendimentos ocorre via SUS. O fato de haver diminuiçao das internaçoes ao longo do tempo deve-se às políticas de restriçao do acesso à compra de líquidos inflamáveis, à eficiência do atendimento primário e à melhoria socioeconômica e educacional dos indivíduos, porém, essas lesoes ainda sao muito prevalentes, e é de extrema importância investir constantemente em estratégias públicas de educaçao e combate às queimaduras para o bem estar desta, ou de qualquer outra populaçao.


CONCLUSOES

No período estudado, houve 12.857 internaçoes por queimaduras, o que corresponde, no início da série, a taxas superiores a 15 internaçoes por 100.000 habitantes e, no final, a taxas próximas a 10 internaçoes por 100.000 habitantes.

A correlaçao encontrada mostra a tendência de queda de 0,45 internaçoes por queimaduras em 100.000 habitantes a cada ano de acompanhamento no Estado de Santa Catarina.

As taxas de morbidade hospitalar no sexo masculino foram superiores ao sexo feminino durante todo o período, ambas tendendo à diminuiçao, principalmente a partir de 2005.

Ao analisar as diversas faixas etárias, identifica-se o grupo que compreende indivíduos de 1 a 4 anos como o mais acometido por queimaduras durante todo o estudo.


REFERENCIAS

1. Peck MD. Epidemiology of burnsthroughout the world. Part I: Distribution and risk factors. Burns. 2011;37(7):1087-100.

2. Fracanoli TS, Magalhaes FL, Guimaraes LM, Serra MCVF. Estudo transversal de 1273 pacientes internados no centro de tratamento de queimados do Hospital do Andaraí de 1997 a 2006. Rev Bras Queimaduras. 2007;7(1):33-7.

3. Patil V, Dulhunty JM, Udy A, Thomas P, Kucharski G, Lipman J.Do burn patients cost more? The intensive care unit costs of burn patients compared with controls matched for length of stay and acuity. J Burn Care Res. 2010;31(4):598-602.

4. Peck M, Molnar J, Swart D. A global plan for burn prevention and care. Bull World Health Organ. 2009;87(10):802-3.

5. Bernz LM, Mignoni ISP, Pereima MJL, Souza JA, Araújo EJ, Feijó R. Análise das causas de óbito de crianças queimadas no Hospital Infantil Joana de Gusmao, no período de 1991 a 2008. Rev Bras Queimaduras. 2009;8(1):9-13.

6. Tomimatsu MFAI, Andrade SM, Soares DA, Mathias TAF, Sapata MPM, Soares DFPP, et al. Qualidade da informaçao sobre causas externas no Sistema de Informaçoes Hospitalares. Rev Saúde Pública. 2009;43(3):413-20.

7. Annest JL, Fingerhut LA, Gallagher SS, Grossman DC, Hedegaard H, Johnson RL, et al.; Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Strategies to improve external cause-of-injury coding in state-based hospital discharge and emergency department data systems: recommendations of the CDC Workgroup for Improvement of External Cause-of-Injury Coding. MMWR Recomm Rep. 2008;57(RR-1):1-15.

8. Santa Catarina. Secretaria do Estado da Saúde. Conferência Estadual de Desenvolvimento Regional [ Internet]. 2012. [Acesso: 2013 Mar 11] Disponível em: http://www.integracao.gov.br/c/document_library/get_file?uuid=ea74f8a0-de4c-465f841b-7bd332e24094&groupId=63635

9. Brasil. DATASUS. Informaçao de Saúde: Populaçao Residente - Brasil. [Internet]. [Acesso: 2013 Mar 12]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?ibge/cnv/popuf.def

10. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria no 737, de 16 de maio de 2001. Dispoe sobre a política nacional de reduçao da morbimortalidade por acidentes e violências. Diário Oficial da Uniao; 2001.

11. Malta DC, Lemos MSA, Silva MMA, Rodrigues MES, Gazal-Carvalho C, Morais Neto OL. Iniciativas de vigilância e prevençao de acidentes e violências no contexto do Sistema Unico de Saúde (SUS). Epidemiol Serv Saúde. 2007;16(1):45-55.

12. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria no 687, de 30 de março de 2006. Aprova a política nacional de promoçao nacional da saúde. Diário Oficial da Uniao; 2006.

13. Fernandes FMFA, Torquato IMB, Dantas MSA, Pontes Júnior FAC, Ferreira JA, Collet N. Queimaduras em crianças e adolescentes: caracterizaçao clínica e epidemiológica. Rev Gaúcha Enferm. 2012;33(4):133-41.

14. Macedo AC, Proto RS, Moreira SS, Gonella HA. Estudo epidemiológico dos pacientes internados na Unidade de Tratamento de Queimados do Conjunto Hospitalar de Sorocaba entre 2001 a 2008. Rev Bras Queimaduras. 2012;11(1):23-5.

15. Martins CBG, Andrade SM. Queimaduras em crianças e adolescentes: análise da morbidade hospitalar e mortalidade. Acta Paul Enferm. 2007;20(4):464-9.

16. National Center for Injury Prevention and Control: webbased injury and statistics query and reporting system (WISQARSTM) injury mortality reports, 1981-1998 [Internet]. Atlanta: Centers for Disease Control; 2009 [Acesso: 2013 Mar 11]. Disponível em: http://webappa.cdc.gov/sasweb/ncipc/mortrate9.html

17. Crisóstomo MR, Serra MCVF, Gomes RD. Epidemiologia das queimaduras. In: Lima Junior EM, Serra MC, eds. Tratado de queimaduras. Sao Paulo: Atheneu; 2004. p.31-5.

18. Oliveira DS, Leonardi DF. Sequelas físicas em pacientes pediátricos que sofreram queimaduras. Rev Bras Queimaduras. 2012;11(4):234-9.

19. Theodorou P, Xu W, Weinand C, Perbix W, Maegele M, Lefering R, et al. I Incidence and treatment of burns: a twenty-year experience from a single center in Germany. Burns. 2013;39(1):49-54.

20. Solanki NS, Greenwood JE, Mackie IP, Kavanagh S, Penhall R. Social issues prolong elderly burn patient hospitalization. J Burn Care Res. 2011;32(3):387-91.

21. Duke J, Wood F, Semmens J, Edgar DW, Spilsbury K, Willis A, et al. Rates of hospitalisations and mortality of older adults admitted with burn injuries in Western Australian from 1983 to 2008. Australas J Ageing. 2012;31(2):83-9.

22. Melione LPR, Mello-Jorge MHP. Gastos do Sistema Unico de Saúde com internaçoes por causas externas em Sao José dos Campos, Sao Paulo, Brasil. Cad Saúde Pública. 2008;24(8):1814-24.

23. Ferreira E, Lucas R, Rossi LA, Andrade D. Curativo do paciente queimado: uma revisao de Literatura. Rev Esc Enferm USP. 2003;37(1):44-51.

24. Macedo JLS, Rosa SC, Macedo KCS, Castro C. Fatores de risco da sepse em pacientes queimados. Rev Col Bras Cir. 2005;32(4):173-7.

25. Soares de Macedo JL, Santos JB. Nosocomial infections in a Brazilian Burn Unit. Burns. 2006;32(4):477-81.










1. Curso de Medicina. Universidade do Sul de Santa Catarina, Palhoça, SC, Brasil
2. Doutorando do Programa de Pós-Graduaçao em Biologia Celular e do Desenvolvimento - Universidade Federal de Santa Catarina. Fisioterapeuta da Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil
3. Doutora em Saúde Coletiva. Universidade Federal de Santa Catarina,Florianópolis, SC, Brasil

Correspondência:
Ione Jayce Ceola Schneider
Programa de Pós-Graduaçao em Saúde Coletiva - UFSC - Campus Reitor Joao David Ferreira Lima
Rua Delfino Conti, s/n. Bloco H
CEP 88040-370. Florianópolis, SC, Brasil
E-mail: ione.jayce@gmail.com

Artigo recebido: 13/6/2014
Artigo aceito: 29/7/2014
Nao houve financiamentos.
Os autores declaram nao haver conflitos de interesse.

Trabalho realizado na Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil.

© 2024 Todos os Direitos Reservados