Resumo
OBJETIVO: Avaliar a epidemiologia das queimaduras ocupacionais e as características sociodemográficas das vítimas de queimaduras internadas em um hospital público no período de 17 anos.
MÉTODO: Estudo longitudinal, retrospectivo de abordagem quantitativa realizado na unidade de queimados de um hospital público no Brasil de janeiro de 2002 a dezembro de 2018. Entre 4201 queimados internados nesse período, 497 foram vítimas de queimaduras no ambiente de trabalho e tiveram seus prontuários médicos e de alta hospitalar avaliados retrospectivamente.
RESULTADOS: A maioria dos pacientes era do sexo masculino (88,5%) e a média de idade foi de 35 anos (intervalo, 18-74). As causas mais frequentes de queimaduras foram eletricidade (41,1%), líquidos inflamáveis (27,5%) e chamas (11,7%). As ocupações mais comuns foram: eletricista (25,3%), cozinheiro (10,9%) e mecânico (8,2%). A superfície corporal queimada média foi de 15,4% e a taxa de mortalidade foi de 2,6%. Variações anuais foram observadas na frequência mensal de acidentes de trabalho, com aumento do número de queimaduras em maio e novembro, que são meses que precedem festividades culturais no Brasil.
CONCLUSÃO: Poucas mudanças na epidemiologia e gravidade das queimaduras ocupacionais foram observadas no período de 17 anos de estudo, sugerindo que os programas de prevenção não foram eficazes na redução de queimaduras no ambiente de trabalho. Assim, novas iniciativas dos setores público e privado são necessárias, visando a prevenção de queimaduras de trabalho.
Palavras-chave: Queimaduras. Queimaduras por Corrente Elétrica. Acidentes de Trabalho. Riscos Ocupacionais. Epidemiologia.